Conteúdos manipuladores dominam o debate digital
Você já se sentiu irritado ao navegar pelas redes sociais? Se a resposta for sim, é provável que você tenha sido alvo de ‘isca de raiva’ (rage bait, em inglês), termo eleito como palavra ou frase do ano pela Oxford University Press. A expressão descreve táticas manipuladoras usadas para estimular o engajamento online, e seu uso triplicou nos últimos 12 meses.
O que é ‘isca de raiva’?
A ‘isca de raiva’ refere-se a conteúdos publicados de forma deliberada para provocar raiva ou indignação. Esses posts são intencionalmente frustrantes, provocativos ou ofensivos, com o objetivo principal de aumentar o tráfego em sites ou perfis de redes sociais. O mecanismo é similar ao ‘clickbait’, mas com foco específico em gerar reações emocionais negativas para capturar a atenção do público.
Finalistas e o contexto da escolha
‘Isca de raiva’ superou outros dois finalistas: ‘aura farming’ (cultivo de aura) e ‘biohack’ (intervenção no próprio corpo). A lista anual de palavras da Oxford busca refletir os estados de espírito e as conversas que marcaram o ano. Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages, destacou que a escolha do termo demonstra uma maior atenção às táticas de manipulação online. “Antes, a internet buscava atrair nossa atenção estimulando a curiosidade em troca de cliques. Agora, há uma mudança clara para o sequestro e a influência das emoções e das respostas do público”, afirmou.
Um ciclo de exaustão digital
Grathwohl observa um tema comum entre as vencedoras recentes, incluindo o termo do ano passado, ‘brain rot’ (apodrecimento cerebral), que capturou o desgaste mental causado pelo consumo passivo de conteúdo em plataformas como Instagram e TikTok. “Juntas, formam um ciclo poderoso: a indignação gera engajamento, os algoritmos ampliam esse movimento e a exposição constante nos deixa mentalmente exaustos”, explicou. Outras vencedoras anteriores incluem ‘selfie’, ‘goblin mode’ e ‘rizz’.
Outras palavras em destaque
O Cambridge Dictionary elegeu ‘parassocial’ como palavra do ano, descrevendo a relação unilateral que uma pessoa sente ter com uma figura famosa desconhecida. Já o Collins Dictionary optou por ‘vibe coding’, a prática de criar aplicativos ou sites descrevendo-os a uma inteligência artificial, em vez de escrever o código manualmente.
