Costa defende prerrogativa presidencial na escolha de ministros do STF
O senador Humberto Costa (PT) avaliou que o governo federal realizou “concessões gigantescas” ao Congresso Nacional para manter a estabilidade política. Em entrevista exclusiva ao Diario de Pernambuco, Costa defendeu que a indicação de nomes para o Supremo Tribunal Federal (STF) é uma prerrogativa exclusiva do Presidente da República, cabendo ao Senado apenas a análise da qualificação dos indicados.
A declaração surge em meio a tensões entre o Executivo e o Legislativo, especialmente após a indicação do Advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias, para o STF. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União), tem expressado preferência pelo nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD), e ambas as casas legislativas têm votado pautas consideradas controversas pelo governo.
“Não temos maioria no Congresso”, afirma senador
Costa ressaltou que a falta de maioria governista no Congresso é um reflexo das eleições de 2022 e que, apesar disso, o governo tem obtido vitórias importantes, especialmente na área econômica. Ele criticou a politização da escolha de ministros do STF, argumentando que o foco deveria ser na qualificação técnica e jurídica dos nomes, e não em disputas políticas. O senador comparou a situação à aprovação de André Mendonça durante o governo Bolsonaro, destacando que a prerrogativa presidencial deve ser respeitada.
Diálogo e concessões para a pacificação
Ao ser questionado sobre como o governo pretende apaziguar as relações com o Congresso, o senador reiterou que o diálogo é constante e que “gigantescas” concessões já foram feitas. Ele acredita que a situação se normalizará com o tempo e que o Presidente Lula continuará aberto ao diálogo, sem, contudo, abrir mão de suas prerrogativas constitucionais. Costa também comentou sobre a sua pré-candidatura à reeleição, a formação de chapa com o prefeito do Recife, João Campos, a permanência de Geraldo Alckmin como vice-presidente, a prisão de Jair Bolsonaro e a PEC da Anistia.
Alckmin como vice e a polarização política
Sobre a vice-presidência, Humberto Costa elogiou Geraldo Alckmin, considerando-o um vice-presidente qualificado, solidário e experiente, mas não descartou a possibilidade de o presidente Lula considerar outros partidos para compor a chapa. Quanto à polarização política, o senador avaliou que a prisão de Jair Bolsonaro fragmentou a extrema-direita, o que, segundo ele, pode beneficiar a esquerda nas próximas eleições, especialmente com a consolidação do discurso progressista nas redes sociais.
PEC da Anistia: Ameaça ou oportunidade?
Por fim, o senador abordou a PEC da Anistia, alertando que a extrema-direita pode tentar aproveitá-la em meio às tensões entre governo e Congresso. Contudo, ele expressou confiança de que a sociedade não aceitará anistiar ou diminuir penas de crimes e que, com o ativismo político da esquerda, a proposta dificilmente será pautada e aprovada.
