Falhas no resgate comprometem ‘janela de salvamento’
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) manifestou-se favoravelmente ao arquivamento do inquérito policial que investigava o médico Seráfico Pereira Cabral Júnior, 55 anos, pela morte de Maria Eduarda Medeiros, 38. Segundo o MPPE, a investigação revelou “falhas graves e descoordenação no atendimento inicial da ocorrência, comprometendo a ‘janela de salvamento'”.
Tragédia em Suape
Maria Eduarda faleceu após o veleiro em que estava com o noivo naufragar na tarde de 21 de junho, em Suape, no Grande Recife. O corpo da advogada foi encontrado três dias depois, próximo à Praia de Calhetas. O casal havia partido de um condomínio em Muro Alto, Ipojuca, em uma embarcação de pequeno porte, adequada para áreas rasas.
Ausência de dolo e força maior
O parecer do MPPE acolheu a conclusão do inquérito policial, afirmando que as provas são “robustas no sentido de afastar o dolo por completo” na conduta de Seráfico Júnior. A tragédia foi classificada como um “evento de força maior”, afastando a intencionalidade ou negligência do investigado. O MPPE também ressaltou o sofrimento do médico, que sofreu escoriações, lesões graves e quadro de estresse pós-traumático, considerando a aplicação de pena criminal desnecessária.
Apuração de omissão funcional
O MPPE direcionou críticas aos órgãos de resgate, destacando que o acionamento do Grupamento Tático Aéreo (GTA) só ocorreu seis horas após o acidente e que a Capitania dos Portos demorou 47 minutos para ser acionada, alegando falta de embarcação na área. Tais circunstâncias foram consideradas como indícios de omissão funcional e/ou crime militar. Por fim, o MPPE solicitou o envio de cópias dos autos à Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS), ao Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) e à Marinha do Brasil (Capitania dos Portos de Pernambuco) para eventual apuração disciplinar dos envolvidos.
