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A mãe de Miguel, de 3 anos, relatou em entrevista exclusiva ao Diario de Pernambuco que seu filho faleceu após uma série de erros médicos em um hospital particular no bairro do Torreão, Zona Norte do Recife. Laís Maria dos Santos Lima acusa a equipe de plantão de negligência, afirmando que a médica responsável teria retirado a traqueostomia da criança, que passou cerca de quatro horas agonizando sem conseguir respirar.

O hospital, por outro lado, assegura que a criança recebeu atendimento imediato e as intervenções necessárias.

O óbito de Miguel foi oficialmente registrado na madrugada de terça-feira (2), após uma parada cardíaca. Laís contou que a situação começou no domingo (3), quando o menino apresentava febre e desconforto respiratório. Após uma primeira avaliação em uma unidade pública, o quadro se agravou na segunda-feira (1º), com queda de glicose e sangramento pela traqueia.

Sinais vitais ignorados e traqueostomia retirada

Levado a uma unidade de urgência particular, Miguel foi direcionado para a sala vermelha. Após um longo período de espera, a equipe da ambulância deu os pêsames à mãe, anunciando o óbito. No entanto, ao ver o filho, Laís percebeu movimentos e batimentos cardíacos. Mesmo assim, a unidade de saúde iniciou os trâmites para a liberação do corpo. Laís relata que a médica teria decidido levar o menino para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) e que a traqueostomia e a GTT haviam sido retiradas, com o orifício sangrando.

“Eu disse: ‘meu filho não tá morto, não! A traqueostomia tá sangrando, ele tá tendo circulação’”, relatou a mãe, que observou que o corpo do filho estava quente e a pupila dilatada. Em um momento de aparente incerteza, uma enfermeira teria dito a um frentista do hospital para avisar ao pai que o menino estava vivo, pois ele realmente estava. Minutos após a troca do plantão médico, foi constatado que Miguel não havia morrido e recebeu suporte de oxigênio.

Médica teria ordenado a interrupção do trabalho e retirada da traqueostomia

Segundo relatos de uma funcionária à mãe, a médica plantonista teria ordenado que a equipe parasse o trabalho, declarando que o menino já estava morto. Diante da resistência das técnicas e enfermeiras, que afirmavam que havia vida, a médica teria insistido, dizendo: “vocês têm certeza que vão passar por cima da minha ordem? Porque quem manda sou eu”. A funcionária teria ainda informado que a médica declarou que Miguel “já era uma criança doente e já, já morreria” e ordenou a retirada da traqueostomia, sem imaginar que ele também respirava pelo nariz.

Apesar do suporte da nova equipe, Miguel não resistiu e entrou em parada cardíaca ao retornar para a UTI, sofrendo por quatro horas. Laís classificou o ocorrido como um homicídio e declarou que já registrou o caso na Polícia Civil de Pernambuco, que abriu inquérito. Ela pretende denunciar a médica ao Cremepe e as técnicas ao Coren, buscando que elas percam o exercício da profissão.

Histórico de falhas médicas e desejo de justiça

Laís também mencionou que Miguel, que nasceu com paralisia cerebral, já havia sofrido outras falhas médicas graves anteriormente. Em agosto de 2024, uma hipoglicemia severa o levou a um coma, agravando sua condição neurológica. Antes desse episódio, ele possuía mais reflexos e autonomia. “Ele comia oralmente, tomava mamadeira, tinha os movimentos normais, sorria, já balbuciava, falava algumas palavras. Ele só não andava ainda, mas era bem ativo”, relembrou a mãe. Ela espera que a justiça seja feita e que profissionais desumanos e sem empatia deixem de exercer a profissão.

A direção do hospital lamentou o falecimento da criança e expressou solidariedade à família, reafirmando que o paciente recebeu atendimento imediato e que a instituição está prestando todos os esclarecimentos.

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