Abin aponta IA e eleições como principais desafios de segurança para 2026
Agência detalha riscos cibernéticos, desinformação e instabilidade geopolítica em nova publicação.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) divulgou nesta terça-feira (2) sua publicação Desafios de Inteligência Edição 2026, delineando as principais ameaças à segurança do Estado e da sociedade brasileira para o próximo ano. Entre os pontos de maior atenção estão a segurança do processo eleitoral e os riscos associados a ataques cibernéticos impulsionados por inteligência artificial (IA).
Ameaças ao processo eleitoral em 2026
Com as eleições gerais previstas para 2026, a Abin alerta para ameaças “complexas e multifacetadas”. O principal vetor identificado é a tentativa de deslegitimação das instituições democráticas, em um cenário que pode ser potencializado pela manipulação de massas e a disseminação em larga escala de desinformação. O documento também aponta a crescente influência do crime organizado e o risco de interferência externa como fatores que podem desestabilizar o pleito.
Inteligência Artificial: um novo campo de batalha
A rápida evolução da IA é apontada como um “desafio nevrálgico”, especialmente no que tange à garantia da soberania digital. A agência destaca a dependência estrutural de hardwares estrangeiros e a concentração de poder em grandes empresas de tecnologia (big techs) como vulnerabilidades. A IA, em sua capacidade de planejamento e execução autônoma de ataques, pode se tornar um “agente ofensivo” com potencial para escalar incidentes cibernéticos a conflitos militares. A Abin ressalta a importância de avanços em cibersegurança, como o desenvolvimento de tecnologias de criptografia pós-quântica, para mitigar esses riscos.
Reconfiguração global e dependências estratégicas
O cenário internacional é descrito como de “multipolaridade desequilibrada e desinstitucionalizada”, marcado pela competição estratégica entre EUA e China. A reconfiguração das cadeias globais de suprimento, impulsionada por fatores como a ascensão chinesa e a guerra econômica, expõe vulnerabilidades. O Brasil se encontra em uma posição de dupla dependência: comercial com a China e tecnológica/financeira com o Ocidente, especialmente os Estados Unidos. A Abin considera a dependência de provedores externos em infraestruturas críticas como uma “vulnerabilidade estratégica severa”, que pode abrir portas para interferências externas, como a guerra cognitiva e espionagem.
Mudanças climáticas e transições demográficas como riscos
A publicação também aborda os riscos decorrentes das mudanças climáticas, com o aquecimento global acelerado e o aumento da frequência de catástrofes naturais no Brasil, como a seca amazônica e as inundações no Rio Grande do Sul. Esses eventos geram perdas econômicas significativas e afetam a segurança energética e alimentar. Paralelamente, a transição demográfica global, com o aumento da longevidade e a queda da fecundidade, além da migração de profissionais qualificados, impõe desafios à prestação de serviços essenciais e à segurança nas fronteiras. O entorno estratégico sul-americano também é visto como um espaço cada vez mais permeável a disputas geopolíticas por recursos naturais.
