A Polícia Federal em Pernambuco (PF-PE) deflagrou nesta quinta-feira (4) a segunda fase da Operação Double Key, que combate uma organização criminosa especializada em tráfico internacional de pessoas. A ação resultou no cumprimento de três mandados de busca e apreensão e um de medida cautelar diversa da prisão na cidade de São Paulo, visando endereços ligados a um dos principais investigados.
Investigação iniciada por denúncia revela cativeiro em fronteira asiática
As investigações tiveram início em maio de 2025, após uma denúncia anônima recebida pelo canal “Comunica PF”. A vítima relatava estar em cárcere privado em um complexo na fronteira entre Mianmar e Tailândia. A partir dessa informação, a PF iniciou diligências para identificar a estrutura da organização criminosa.
Esquema explorava vítimas com promessas de trabalho e as submetia a condições análogas à escravidão
De acordo com a PF, o esquema criminoso recrutava vítimas no Brasil com falsas promessas de empregos bem remunerados no exterior. Ao chegarem ao destino, as vítimas eram coagidas a se deslocar para uma região de conflito em Myanmar, onde eram mantidas em cativeiro, sob vigilância armada e submetidas a condições análogas à escravidão. Os valores prometidos não eram pagos e as vítimas viviam sob constantes ameaças.
Primeira fase da operação resultou em resgate de recifense e prisões
Na primeira fase da Operação Double Key, foram presos dois cidadãos chineses que retornavam ao Brasil vindos do Camboja. Na ocasião, também foi cumprida uma medida cautelar diversa da prisão contra um brasileiro e realizadas buscas em quatro endereços. A operação já havia resultado no resgate de uma recifense mantida em cárcere privado e submetida à exploração sexual em um hotel de Mianmar.
Investigados podem responder por tráfico internacional e organização criminosa com penas de até 18 anos
Durante as ações, foram apreendidos dispositivos eletrônicos, como notebooks e mídias de armazenamento, além do passaporte de um terceiro chinês envolvido e documentação que passará por perícia. Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico internacional de pessoas e organização criminosa, com penas que podem ultrapassar 18 anos de reclusão. O nome da operação faz referência ao KK Park, um complexo de fábricas de fraude online onde jovens eram atraídos e forçados a trabalhar sob ameaça.
