Ginásio Pernambucano: A Escola Mais Antiga do Brasil Celebra 200 Anos de História
Um Século e Meio de Formação e Memórias no Recife
Completando duas décadas de existência, o Ginásio Pernambucano, fundado em 1825 no Recife, se consolida como a escola mais antiga do Brasil. Mais do que um centro de ensino, a instituição é um guardião de histórias, com um acervo raro de obras literárias, arquitetura tombada e memórias de personalidades que moldaram a cultura e a política brasileira.
Pioneirismo e Avanços Educacionais
Desde sua fundação, o Ginásio Pernambucano demonstrou um compromisso com a inovação. Antônio Rosa, gestor do colégio, destaca que a instituição foi pioneira em limitar castigos físicos, prática comum no século XIX, chegando a abolir o uso da vara de marmelo, um diferencial significativo para a época.
Alunos Ilustres que Marcaram Época
Ao longo de seus 200 anos, o Ginásio Pernambucano foi palco da formação de cidadãos que deixaram sua marca na história do país. Entre seus ex-alunos, destacam-se nomes como:
- Clarice Lispector: A renomada escritora, nascida na Ucrânia e criada no Recife, iniciou sua trajetória literária nas salas de aula do colégio.
- Ariano Suassuna: O autor de “O Auto da Compadecida” não apenas estudou na instituição, mas também retornou como professor convidado, ministrando aulas de teatro e escrevendo sua obra-prima para um grupo de alunos da escola.
- Assis Chateaubriand: O magnata da comunicação e fundador dos Diários Associados e da TV Tupi também trilhou os corredores do Ginásio Pernambucano.
- Epitácio Pessoa: O ex-presidente da República estudou na escola antes de iniciar sua carreira jurídica e política.
- Agamenon Magalhães: Além de ter sido aluno, Agamenon Magalhães também dirigiu o Ginásio Pernambucano e foi governador de Pernambuco, defendendo a educação como ferramenta de transformação social.
Outros cinco governadores de Pernambuco também passaram pela instituição: Sérgio Loreto, Etelvino Lins, Paulo Guerra, Eraldo Gueiros e Cid Sampaio.
Acervo Histórico e Homenagem a Dom Pedro II
A ligação do Ginásio Pernambucano com a história do Brasil é palpável em seu vasto acervo. Um dos tesouros é o pendão entregue por Dom Pedro II em 1859, durante sua visita ao Recife. O edifício atual, inaugurado no mesmo ano, foi projetado pelo engenheiro José Mamede de Ferreira e sua arquitetura, vista de cima, forma dois “is” em homenagem ao imperador, simbolizando a aproximação da província com a Coroa após a Revolução Praieira.
Biblioteca e Museu: Tesouros do Conhecimento
A Biblioteca Professor Olívio Montenegro abriga um acervo impressionante, com obras que remontam ao século XVI, atraindo pesquisadores do Brasil e do exterior. O mobiliário é de época e mais de dez mil exemplares compõem a coleção, com milhares de obras raras. Já o Museu de História Natural Jaques Brunet, um dos mais antigos do país, conta com peças científicas notáveis, como jacarés de quase quatro metros e um pirarucu, preservados com técnicas do século XIX, como o sabonete arsenical.
O museu, que já fazia parte do projeto original do edifício em 1855, reflete a influência das escolas europeias da época e a dedicação de professores como Louis Jacques Brunet, que organizou as primeiras coleções científicas da escola.
